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CL: Como foi seu primeiro contato com a capoeira?
M. Toni Vagas: Eu conheci a capoeira através de um primo que tinha acabado de iniciar na capoeira. Ele me levou pra assistir uma aula e eu simplesmente me encantei completamente já em meu primeiro contato com ela.
M. Toni Vagas: Pois é, existem muitas pessoas que a gente se inspira na capoeira e é
claro que Mestre Pastinha e Mestre Bimba são ídolos e referências para todos os
capoeiristas. Mas Mestre Peixinho é meu grande ídolo. Ele foi uma pessoa que me
deu grandes exemplos de caráter, bondade, generosidade e conhecimento dos
fundamentos da capoeira. Mestre Peixinho, sem dúvida nenhuma é e vai ser pra
sempre meu grande ídolo.M. Toni Vagas: Eu conheci a capoeira através de um primo que tinha acabado de iniciar na capoeira. Ele me levou pra assistir uma aula e eu simplesmente me encantei completamente já em meu primeiro contato com ela.
CL: Considerando toda sua experiência na capoeira e as
mudanças que ela vem
sofrendo, como o senhor vê a capoeira de hoje?
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Grande encontro de capoeiristas |
M. Toni Vagas: Eu acho que a capoeira está novamente em uma fase de mudança e é muito
difícil definir algo que está em mutação, mas de qualquer forma eu vejo a fase
atual com muito otimismo. Os grandes encontros estão voltando a acontecer no
Brasil, e, sem dúvida nenhuma, as pessoas estão deixando de lado a questão de
brigas e disputas para dar lugar a alegria e a emoção de simplesmente jogar capoeira
fazendo dela um instrumento de paz e conhecimento. Eu estou muito otimista com
o atual momento da capoeira. Por outro lado, a capoeira está
entrando em uma nova fase em que os capoeiristas serão mais cobrados. Mas não
no sentido de performance e sim em termos de conhecimento, atitude e postura.
CL: Aproveitando o que o senhor acabou de falar, na
sua opinião, como seria
um capoeirista completo?
M. Toni Vagas: Eu acho que o capoeirista completo não existe. O conceito criado nos anos 90 de um capoeirista completo (o cara que joga, que toca e canta) é, na minha opinião, totalmente equivocado. O próprio ser humano é falível e na prática da capoeira isso não é diferente. Agora, existem capoeiristas que podem complementar determinadas situações porque tem habilidades específicas para aquele momento. Todo capoeirista que se acha completo não está bem. O capoeirista de verdade deve estar sempre em busca de conhecimento, dos fundamentos da capoeira.
"... O capoeirista de verdade deve estar sempre em busca de conhecimento, dos fundamentos da capoeira."
M. Toni Vagas: Eu acho que o capoeirista completo não existe. O conceito criado nos anos 90 de um capoeirista completo (o cara que joga, que toca e canta) é, na minha opinião, totalmente equivocado. O próprio ser humano é falível e na prática da capoeira isso não é diferente. Agora, existem capoeiristas que podem complementar determinadas situações porque tem habilidades específicas para aquele momento. Todo capoeirista que se acha completo não está bem. O capoeirista de verdade deve estar sempre em busca de conhecimento, dos fundamentos da capoeira.
"... O capoeirista de verdade deve estar sempre em busca de conhecimento, dos fundamentos da capoeira."
CL: Devido à proximidade do jogos do Rio de Janeiro em
2016, a capoeira como
esporte olímpico é um assunto que voltou a ser discutido. Qual é sua
opinião sobre isso?
M. Toni Vagas: Eu quero deixar bem claro que tenho profundo respeito pelas pessoas que pensam de outra forma, mas não sou a favor da capoeira como esporte olímpico. Primeiro porque não acredito no modelo das olimpíadas. Esse é um movimento que não me sensibiliza porque coloca a performance muito além do ser humano. Eu sou educador e acredito que o ser humano está acima de sua performance, priorizo sim, o processo de desenvolvimento pleno dos indivíduos. Então, eu não acredito nas olimpíadas como um movimento humanitário e não gostaria de ver a capoeira envolvida. A capoeira tem caminhos muito mais ricos através da cultura e da arte.
M. Toni Vagas: Eu quero deixar bem claro que tenho profundo respeito pelas pessoas que pensam de outra forma, mas não sou a favor da capoeira como esporte olímpico. Primeiro porque não acredito no modelo das olimpíadas. Esse é um movimento que não me sensibiliza porque coloca a performance muito além do ser humano. Eu sou educador e acredito que o ser humano está acima de sua performance, priorizo sim, o processo de desenvolvimento pleno dos indivíduos. Então, eu não acredito nas olimpíadas como um movimento humanitário e não gostaria de ver a capoeira envolvida. A capoeira tem caminhos muito mais ricos através da cultura e da arte.
CL: Capoeira Angola e Capoeira Regional. Qual é seu
ponto de vista?
M. Toni Vagas: Bom, eu costumo brincar que essa é uma divisão soteropolitana, uma divisão que costuma acontecer em Salvador onde surgiram os dois grandes ícones da capoeira: Mestre Bimba e Mestre Pastinha. Eu sou do Rio de Janeiro onde isso originalmente não aconteceu, então eu prefiro não entrar nesse mérito de Capoeira Angola e Capoeira Regional. Eu respeito as pessoas que fazem uma leitura da capoeira a partir da Capoeira Angola ou a partir da Regional, mas não me considero dentro desta divisão.
M. Toni Vagas: Bom, eu costumo brincar que essa é uma divisão soteropolitana, uma divisão que costuma acontecer em Salvador onde surgiram os dois grandes ícones da capoeira: Mestre Bimba e Mestre Pastinha. Eu sou do Rio de Janeiro onde isso originalmente não aconteceu, então eu prefiro não entrar nesse mérito de Capoeira Angola e Capoeira Regional. Eu respeito as pessoas que fazem uma leitura da capoeira a partir da Capoeira Angola ou a partir da Regional, mas não me considero dentro desta divisão.
CL:- Afinal, todos nós bebemos da mesma água, não é
Mestre?
M. Toni Vagas: Sem dúvida nenhuma. Eu acredito na capoeira como uma família cósmica e que precisamos pensá-la como um todo. Eu acredito e trabalho nessa direção.
CL: Hoje o Mestre Toni Vargas é uma das maiores referências na música
da capoeira. Como se dá o seu processo de criação de uma cantiga?
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M. Toni Vagas: Olha, em geral esse é um processo absolutamente instintivo. Alguma coisa ou ideia que me vem à cabeça me trazendo o desejo de externá-la sem a necessidade uma preparação específica. Muitas vezes crio fora da roda e outras vezes vai saindo ao vivo direto no axé do ritual. Na verdade é uma benção que não me canso de agradecer. CL
M. Toni Vagas: Sem dúvida nenhuma. Eu acredito na capoeira como uma família cósmica e que precisamos pensá-la como um todo. Eu acredito e trabalho nessa direção.
CL: Hoje o Mestre Toni Vargas é uma das maiores referências na música
da capoeira. Como se dá o seu processo de criação de uma cantiga?
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M. Toni Vagas: Olha, em geral esse é um processo absolutamente instintivo. Alguma coisa ou ideia que me vem à cabeça me trazendo o desejo de externá-la sem a necessidade uma preparação específica. Muitas vezes crio fora da roda e outras vezes vai saindo ao vivo direto no axé do ritual. Na verdade é uma benção que não me canso de agradecer. CL